Grupo pede homologação de terras da região.
Em nota, liderança Pataxó repudiou o ato e classificou como uma contravenção de acordos estabelecidos anteriormente.
Indígenas ocupam área de parque nacional em Prado, extremo sul da Bahia Indígenas ocuparam a entrada do Parque Nacional do Descobrimento, localizado na cidade de Prado, no extremo sul da Bahia.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a área, eles chegaram ao local na tarde de sábado (15) e ainda interditam o acesso nesta segunda-feira (17).
Conforme pontuou a entidade, que mantém negociação com o grupo, os indígenas pedem a homologação da Terra Indígena Comexatibá, que fica em outra parte da região e é alvo de disputa judicial há alguns anos.
Diante da ação, o ICMBio decidiu suspender as atividades no local, por "segurança". Em nota, o grupo de indígenas, que se identifica como juventude do Território Indígena Pataxó de Comexatibá, afirmou que a ocupação foi feita em diálogo com servidores do ICMBio que estavam no parque.
Também foi informado que a ocupação é pacífica e que tem como objetivo cobrar não só a demarcação do território, como também a segurança dos indígenas.
[Leia nota completa ao final da matéria] "Os processos estão parados e a gente está aqui, sendo alvo de grandes pistoleiros que estão infiltrados em várias fazendas, tirando nossas vidas, matando nosso povo, nossa juventude, nossos velhos", Kedxuryê Pataxó, liderança da Juventude Pataxó. O grupo quer uma reunião com representantes Ministério dos Povos Indígenas, Ministério da Justiça e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O g1 procurou as pastas e a entidade, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. "A gente está buscando a nossa demarcação para nosso território e a gente só vai sair daqui depois que eles fizerem reunião e tiverem assinado a nossa carta de demarcação", afirmou Tupurumã Pataxó, outra liderança do movimento. Indígenas ocupam Parque Nacional do Descobrimento, no extremo sul da Bahia Divulgação Desde sábado, o instituto mantém negociação com o grupo, com apoio da Polícia Federal (PF) e de lideranças indígenas do extremo sul do estado, que desaprovam o ato.
Em nota, caciques e outros integrantes do movimento repudiaram a ocupação, classificando a ação como uma contravenção de acordos estabelecidos anteriormente.
Já a PF informou que segue acompanhando o caso.
Em contato com a TV Santa Cruz, o ICMBio listou outros problemas operacionais desencadeados com o fechamento do Parque: suspensão da manutenção dos aceiros de prevenção a incêndios florestais; suspensão das atividades de pesquisadores que iriam ficar alojados no Parque essa semana; suspensão de visitação e construção de infraestrutura; dispensa da equipe de funcionários que trabalha no local.
Leia nota do ICMBio na íntegra "Na tarde de 15 de março de 2025, último sábado, um grupo de indígenas ocupou a entrada principal do Parque Nacional do Descobrimento, localizada no município de Prado/BA. Eles reivindicam a homologação da Terra Indígena Comexatibá, que fica em outra localidade, fora da área invadida. Tratativas entre ICMBio, com apoio da Polícia Federal, e indígenas a frente do movimento estão em curso, a fim de encerrar a ocupação o mais breve possível. Com intuito de garantir a segurança de visitantes, pesquisadores, servidores e demais cidadãos, a gestão da UC decidiu pelo fechamento do Parque Nacional do Descobrimento até a resolução da situação". Leia nota das lideranças indígenas "Nós, caciques, lideranças e famílias das Aldeias, Tibá, Pequí , Gurita, Kaí, Monte Dourado, da Terra Indígena Comexatiba, Prado/BA, vimos expressar nossa indignação e ajudar para esclarecimento do ICMBio; FUNAI; DPU; MPF; DPE e a sociedade local, regional, nacional e em geral, a respeito da ocupação da sede avançada do Parque Nacional do Descobrimento, em Prado, Extremo Sul da Bahia, no último dia 15 de Março de 2025.
Momento em que, de nossa parte e das nossas organizações regionais e nacionais, estávamos ausentes de nossas comunidades.
Nos encontrávamos em audiência pública com o MPF, na PGR/Distrito Federal, em Brasília.
Da outra parte, segundo informações da servidora pública, chefe do citado Parque, um grupo dissidente e totalmente alheio às nossas organizações colegiadas, sem consulta ou consentimento de nossas representações, ocuparam a sede avançada do Parque Nacional Maturembá ( Parque Nacional do descobrimento), mantendo os funcionários,temporariamente, detidos, utilizando-se de arco flexa e borduna durante a ação da chegada. Ocuparam a sede situada à entrada do referido parque, apreenderam veículos e equipamentos, cujos danos não nos responsabilizamos.
Porque desde a data citada, o grupo mantêm permanência na área -, contrariando totalmente todos os acordos por nós, por nossas lideranças, coletivamente construídos, elaborados no Grupo de Trabalho formado entre nós, nossas organizações comunitárias, ICMBio e FUNAI, mediados pelo MPF (2017/2018), decidimos nos pronunciar. Começando por reconhecer que os dois Termos de Ajuste de Conduta (TAC) que desde, então, foram firmados entre nossas instituições representadas, vêm significando um grande e importante avanço para a nossa convivência interinstitucional, bem como, com a própria natureza envolvida nesta poção de área sobreposta ao nosso território e TI.
Multiplicamos as áreas de preservação, as espécies nativas replantadas e sobretudo, nossa capacidade para garantia da segurança e da soberania alimentar referenciada em nossa tradição, consequentemente, da promoção da saúde e o cuidado com as gerações mais jovens de nossas aldeias. Reiteramos os acordos firmados e nossa certeza que tal movimento não nos representa, tampouco, é genuinamente Pataxó, visto que abriga no seu interior antigos adversários que disputam conosco o mesmo território e TI, muitas vezes denunciados desde 2013.
Que, em vez de somar conosco, se somam aos interesses de especuladores imobiliários, de terra neste litoral e, políticos locais que, outrora, já utilizaram-se destes mesmos detratores envolvidos nesta última ‘ocupação’.
Pelo exposto, nos irmanamos mais uma vez, na dupla defesa de nosso território, Terra Indígena, da Natureza e UC em sobreposição".
Leia nota dos indígenas responsáveis pela ocupação na íntegra "Nós, parte da juventude do Território Indígena Pataxó de Comexatibá, vimos por meio deste documento prestar esclarecimento sobre nossa ocupação da sede do ICMBio, no Parque Nacional do Descobrimento (Maturembá).
No dia 15 de março, às 15 horas, fizemos esta ocupação para reivindicar que nosso território seja demarcado e também para, mais uma vez, manifestar nossa indignação pelas vidas que estão sendo ceifadas dentro de nossos territórios. A ocupação foi feita através de diálogo com os servidores do ICMBio que estavam presentes no momento.
Informamos que ninguém foi feito refém, ao contrário da nota divulgada por caciques e lideranças de aldeias contrárias à esta reinvindicação.
Além disso, todos os materiais da sede do ICMBio se encontram intactos em seus devidos locais, nada está sendo retirado ou roubado, pois sabemos da importância do Parque Nacional do Descobrimento para nosso povo indígena e também para os não indígenas. Reiteramos que a ocupação é uma forma de reivindicar a demarcação de nosso território, que precisa urgentemente de segurança jurídica.
Desde sua identificação, aguardamos a portaria declaratória de nossas terras originárias há 10 anos! Estamos perdendo vidas indígenas e nós, jovens que somos alvos da perseguição e violência do latifúndio, estamos dando um grito de socorro na luta pela vida, nossas vidas importam! Por isso, pedimos também respeito a nossa juventude, composta por guerreiros de luta e de ritual.
Permanecemos firmes, não irão nos calar! Solicitamos novamente, em condição de urgência, uma reunião com representantes da FUNAI, do ICMBio e dos Ministérios supracitados, com intermediação do Ministério Público Federal". LEIA MAIS: Indígenas ocupam Parque Nacional do Descobrimento em Prado, na BA Pataxós ocupam Parque do Descobrimento, na região sul da BA Indígenas se recusam a desocupar Parque Nacional do Descobrimento Bahia é o estado com a segunda maior população indígena no Brasil Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 📺