Transformar a essência cultural em um diferencial de mercado foi o que fez a empreendedora Iasminy crescer no mundo dos negócios Em meio à imensidão do Cerrado goiano, onde a biodiversidade impressiona e os sabores locais carregam memórias afetivas, nasceu uma iniciativa que une sustento, tradição e consciência ambiental.
O Sítio Boca do Mato, localizado em Mambaí, cidade no nordeste do estado de Goiás, é fruto do sonho e da determinação de Iasminy Berquó, que encontrou no empreendedorismo uma forma de valorizar sua região e transformar sua própria história. Iasminy Berquó Acervo A mulher sempre buscou independência financeira e autonomia.
Ao lado do companheiro, Sandro Borges, percebeu uma oportunidade ao notar a ausência de produtos à base de pequi - fruto típico do Cerrado, de sabor intenso - prontos para consumo no mercado.
“O Sítio Boca do Mato nasceu de uma necessidade pessoal, minha, que estava à procura de independência financeira, autonomia financeira”, conta.
A primeira pasta de pequi surgiu como uma solução caseira para consumo próprio, mas logo conquistou amigos e familiares.
“Os amigos, a família vinham experimentar e queriam levar.
Ali eu enxerguei um potencial produto para que eu pudesse gerar renda”, relembra. Sítio Boca do Mato Acervo A produção começou de forma modesta, com apenas 24 unidades mensais.
Com o tempo, Iasminy levou os produtos para feiras e exposições na região.
“Em uma dessas feiras, a Central do Cerrado, que está em Brasília e é uma cooperativa que gerencia outras cooperativas, gostou muito do nosso produto e fez uma proposta comercial de parceria para revenda”, conta a empreendedora.
Esse foi um divisor de águas para o Sítio Boca do Mato.
“A partir daí, aprendemos com eles sobre rotulagem mais profissional, emissão de notas e boletos, e começamos a ganhar mercado”. A sustentabilidade sempre esteve no centro do negócio.
“O respeito à vida é um dos princípios mais importantes para nós”, afirma Iasminy.
“Mantemos uma relação muito saudável com os produtores que nos fornecem a matéria-prima do Cerrado”.
Para ela, o empreendedorismo feminino tem um papel fundamental na preservação da cultura local.
“Normalmente são as mulheres que carregam as tradições e são responsáveis por passá-las para as demais gerações.
Elas são as verdadeiras ancestrais, as guardiãs do Cerrado”.
Segundo ela, enquanto os homens costumam coletar o pequi no campo, “quem roleta esse processo, essa ciência de tirar a polpa do caroço, normalmente são as mulheres”. A jornada de Iasminy também trouxe desafios.
O primeiro foi a falta de experiência na área.
“Minha formação é em história e educação física.
Sempre trabalhei com projetos culturais e como professora.
De repente, me vi nesse mundo da produção de alimentos, sem saber nada sobre o assunto”, conta.
“Mas as parcerias foram a chave para que eu conseguisse ter êxito”.
O Sebrae, por exemplo, foi um dos primeiros aliados.
“Eles trouxeram uma visão de negócio para nós, nos ensinaram sobre precificação, plano de negócios e formatação de produto”. A primeira pasta de pequi criada por Iasminy Berquó Acervo A logística também é um desafio constante.
“Os frutos do Cerrado são sazonais.
Nossa maior produção ocorre em janeiro, um mês de chuvas intensas aqui na região, o que torna as estradas muito ruins”, explica.
“Somos nós mesmos que vamos até os produtores buscar cada lote de pequi.
Esse ano, compramos mais de seis toneladas e todas foram buscadas diretamente com os extrativistas”. Outro ponto fundamental é a conscientização dos produtores.
“Construir com eles a noção do que é o mercado de atacado, como trabalhar com a permanência e o replantio das árvores, como o pequizeiro, é essencial para mantermos esse bioma vivo”.
Atualmente, o Sítio Boca do Mato conta com 12 produtos formatados para venda e distribuição nacional.
“Nosso foco agora é fortalecer o mercado nacional, atuar mais fortemente em estados como São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais, e ampliar a divulgação”, diz Iasminy.
Mas os planos vão além das fronteiras brasileiras.
“Queremos começar a atuar no mercado exterior, exportando em pequenos volumes para divulgar os sabores do Cerrado pelo mundo”.
Vem aí: evento Delas – Mulher de Negócios Com o intuito de fortalecer a cultura do empreendedorismo feminino e promover melhorias na gestão de micro e pequenas empresas lideradas por mulheres em Goiás, o Sebrae, em parceria com o Grupo Jaime Câmara, traz aprendizado, fomento e troca de experiências para empreendedoras – tanto as que já atuam quanto as que desejam iniciar um negócio.
Tudo isso por meio de mais uma edição do Delas – Mulheres de Negócios.
Neste ano, o evento acontece nos dias 28 e 29 de março, das 10h30 às 21h, no Shopping Cerrado, contando com líderes de mercado, consultorias, feira de exposições, networking e muito mais.
“Mulheres que realizam” é um dos temas da iniciativa que celebra o Mês da Mulher e destaca sua força transformadora, capaz de impulsionar o empreendedorismo e gerar impacto positivo na comunidade.
A programação contará com discussões, talks e palestras sobre diversos desafios e tendências do setor.
Entre as convidadas estão a jornalista Juliana Goes, autora best-seller e investidora de impacto, e a professora Gabriela Prioli, mestre em Direito Penal, comunicadora e apresentadora do programa Saia Justa, do GNT.
As inscrições para o Delas – Mulheres de Negócios já estão abertas e podem ser realizadas no site do Grupo Jaime Câmara.
A entrada é solidária, com a doação de itens de higiene pessoal.