Partido de centro-direita Demokraatit, que defende um processo gradual de independência da Dinamarca, obteve 29,9% dos votos.
Contagem de votos durante as eleições gerais em Nuuk, na Groenlândia Marko Djurica/Reuters O partido de oposição Demokraatit venceu as eleições parlamentares na Groenlândia, derrotando a coalizão de esquerda que governa a ilha.
O resultado ocorreu na madrugada desta quarta-feira (12), no horário de Brasília. O partido de centro-direita Demokraatit, que defende um avanço lento e gradual para a ilha se tornar independente da Dinamarca, obteve 29,9% dos votos, suficiente para garantir a vitória no pleito, segundo agências de notícias.
O partido cresceu em relação às eleições de 2021, quando obteve 9,1% dos votos, e o resultado surpreendeu até a liderança da sigla. “Não esperávamos que a eleição tivesse esse resultado, estamos muito felizes”, afirmou o líder do Demokraatit e ex-ministro da Indústria e Minerais, Jens-Frederik Nielsen, à emissora groenlandesa KNR TV.
Nielsen destacou que a Groenlândia precisa se unir “em um momento de grande interesse externo” sobre a ilha. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp O segundo partido com mais votos foi o Naleraq, que é a favor de uma independência rápida, com 24,5%.
A apuração dos votos ainda está em andamento, com cerca de 29 mil votos contabilizados do total de 40.369 até as 9h desta quarta-feira no horário de Brasília. A coalizão de esquerda formada pelo Partido do Povo (Inuit Ataqatigiit), do atual primeiro-ministro Múte Egede, e pelo partido Siumut obteve cerca de 36% dos votos, uma queda em relação aos 66,1% em 2021.
Esses partidos também buscam um caminho gradual para a independência da ilha. No centro da votação estava o movimento pelo fim da dependência da Dinamarca e o interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em adquirir a ilha. Desde que assumiu o cargo em janeiro, Donald Trump prometeu transformar a Groenlândia – um território semiautônomo da Dinamarca – em parte dos Estados Unidos, dizendo que a ilha é vital para os interesses de segurança dos EUA, uma ideia rejeitada pela maioria dos groenlandeses. “As pessoas querem mudança.
Queremos mais negócios para financiar o nosso bem-estar.
Não queremos independência amanhã, queremos uma boa base” disse Nielsen a repórteres em Nuuk, capital groenlandesa. A Groenlândia tem cerca de 57 mil habitantes, dos quais 40,5 mil estão aptos a votar.
O Parlamento local, conhecido como Inatsisartut, possui 31 cadeiras.
Agora, o partido vencedor da eleição terá a chance de formar uma coalizão governamental por meio de negociações com outros partidos. “Acredito firmemente que em breve começaremos a viver uma vida mais baseada em quem somos, baseada em nossa cultura, em nossa própria língua, e começaremos a fazer regulamentos baseados em nós, não baseados na Dinamarca,” disse Qupanuk Olsen, candidato pelo principal partido pró-independência Naleraq. Inge Olsvig Brandt, candidata pelo partido governante Inuit Ataqatigiit, disse que a Groenlândia não precisa da independência neste momento.
"Acho que temos que trabalhar com nós mesmos, com nossa história, e vamos ter muito trabalho antes de podermos dar o próximo passo”, afirmou. A votação foi prorrogada por meia hora em algumas das 72 seções eleitorais espalhadas pela ilha ártica.
A participação final dos eleitores não tenha sido divulgada até a última atualização desta reportagem.
Fantástico explica o que Donald Trump quer ao ameaçar tomar Groenlândia da Dinamarca Independência do território Desde 2009, a Dinamarca permite que a Groenlândia se prepare para conquistar sua independência total.
Para isso, a ilha precisa realizar um referendo.
A maior parte dos partidos políticos groenlandeses apoia a separação, mas há divergências sobre como fazer esse movimento.
O principal obstáculo é o auxílio financeiro dinamarquês à ilha, que representa quase US$ 1 bilhão por ano para a economia local. LEIA TAMBÉM: Mulher fica nua e, aos gritos, faz avião retornar em aeroporto nos Estados Unidos; VÍDEO Homem é atropelado por trem de carga no Peru e sobrevive; VÍDEO Papa Francisco não está mais em perigo iminente, mas segue sem previsão de alta Interesses dos EUA Montanhas que rodeiam o porto de Tasiilaq, na Groenlândia Lucas Jackson/Reuters Durante seu primeiro mandato como presidente, Trump afirmou que faria uma oferta para comprar a Groenlândia.
À época, as autoridades da ilha responderam que o território não estava à venda. Há décadas, os Estados Unidos consideram a Groenlândia um território estratégico para a segurança nacional.
A ilha poderia abrigar sistemas de defesa capazes de interceptar mísseis vindos da Europa ou do Ártico.
Além disso, radares instalados na região ajudariam a identificar navios e submarinos, principalmente russos, monitorando as águas entre a Islândia, a Grã-Bretanha e a própria Groenlândia. Trump não foi o primeiro presidente dos Estados Unidos a tentar comprar a ilha.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Harry Truman tentou adquirir a Groenlândia, oferecendo US$ 100 milhões em ouro.
O objetivo era garantir um território estratégico para enfrentar as ameaças da Guerra Fria. A proposta de Truman foi rejeitada, mas os Estados Unidos conseguiram instalar uma base militar na ilha com a autorização da Dinamarca. Além disso, a Groenlândia é rica em minerais, petróleo e gás natural.
Trump já demonstrou ter interesses na extração desses recursos e tem revertido regras ambientais para a estimular a produção nos Estados Unidos. Groenlândia iria para os EUA? Avião de Trump em Nuuk, na Groenlândia, em 2025 Emil Stach/Ritzau Scanpix/via REUTERS Ainda em janeiro, Trump disse estar "determinado em tomar a Groenlândia" durante uma ligação telefônica para a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen.
As informações foram reveladas pelo jornal Financial Times. Frederiksen seguiu o que autoridades da própria Groenlândia vinham afirmando e respondeu a Trump que a ilha não estava à venda. Após a ofensiva de Trump, o primeiro-ministro Mute Egede intensificou a campanha pela independência e afirmou várias vezes que cabe ao povo decidir o futuro da ilha. A população da Groenlândia poderia votar pela independência e hipoteticamente aprovar, em referendo, uma associação aos Estados Unidos.
No entanto, analistas dizem que esse cenário é muito improvável, já que os groenlandeses estão buscando mais autonomia, e não um novo "dono". Uma pesquisa feita na Groenlândia no fim de janeiro aponta que apenas 6% dos entrevistados querem que a ilha se torne parte dos Estados Unidos.
Outros 85% rejeitam a ideia.
Os demais entrevistados não souberam ou não responderam. VÍDEOS: mais assistidos do g1