Embate simbólico se dá na eleição para secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos); Brasil prepara retaliação, alegando reciprocidade, se tarifas forem impostas sobre aço e alumínio na próxima semana.
Trump defende 'tarifaço' e diz que países como o Brasil 'roubam' os EUA com taxas "Trump está acelerando a aglutinação de países social-democratas no mundo, mas também na América Latina.
Há um palco já de embate que será mais simbólico do que prático: a eleição da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Há um candidato trumpista, o chanceler do Paraguai, e um candidato do bloco que tenta frear a ascensão dele na região: o nosso, o chanceler do Suriname." Essa é a explicação sobre a batalha diplomática na eleição para secretário-geral da OEA que está em curso, segundo um diplomata com assento no Palácio do Planalto, um conselheiro do presidente Lula (PT). A avaliação do Itamaraty é de que a ofensiva comercial e a retórica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre diversos países do globo, renovada em seu primeiro discurso ao Congresso americano, na terça-feira (4), estão acelerando uma aglutinação de países social-democratas. O presidente dos EUA, Donald Trump REUTERS/Kevin Lamarque O embate em torno do comando da OEA (Organização dos Estados Americanos) é simbólico.
A organização precisa de recursos dos Estados Unidos para funcionar, mas derrotar o apoiador de Trump enviaria uma mensagem da maioria da América Latina, diz o conselheiro de Lula.
Além do Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai anunciaram apoio público ao candidato do Suriname, Albert Ramdin. Já o chanceler paraguaio, Rubén Ramírez, está alinhado com Trump, e derrotá-lo tornou-se um objetivo comum desses países. A avaliação da diplomacia nacional é a de que Trump manteve tom de palanque no discurso que fez ao Congresso americano, renovando ataques já feitos durante a campanha.
"Não houve surpresa, nem nas ameaças", diz a fonte. O presidente americano voltou a dizer que pode sobretaxar mais produtos de países como Brasil e Índia, bem como tomar a Groenlândia e o controle do Canal do Panamá. "Há muita retórica nisso.
Não acredito que ele tentará tomar a Groenlândia pela força, por exemplo.
Trump joga com a pressão para conseguir concessões.
É o caso das tarifas.
Ele não desce do palanque.
Mas há um efeito, uma reação.
Ele está acelerando a reaglutinação do campo social-democrata", avalia o diplomata.